O Estalo de Napoleão - William Duggan

Título: O Estalo de Napoleão

Autor: William Duggan

Tradução de: Napoleon´s Glance
Editora: Francis
Ano: 2005
Páginas: 317
ISBN/EAN: 9-788589-380126

Napoleão Bonaparte (i.e. Buonaparte!) foi, sem dúvida, um dos maiores, se não o maior estrategista da história.

Vários foram os estudiosos que tentaram desvendar e teorizar os segredos da estratégia do "Pequeno Cabo" - como era conhecido entre a soldadesca francesa.

Talvez a mais famosa seja 'Da Guerra' (Vom Kriege) de Carl von Clausewitz. Mas ler Clausewitz é acima de tudo um exercício de paciência. Obra densa: no vocabulário e fisicamente também, ultrapassa as mil páginas!


Em 'O Estalo de Napoleão', o autor - William Duggan - mostra apartir do caso de Bonaparte, como o segredo da estratégia não está necessariamente na criação de coisas novas, mas na combinação de coisas existentes. E que essas combinações são frutos de "estalos" ou "golpes de vista" (do francês coup d'oeil) no "calor do combate". E Napoleão era mestre em explorar esses "estalos". 

Interessante que inicialmente, a estratégia de Napoleão foi mal-interpretada. O primeiro a teorizar sua estratégia foi justamente um traidor ex-subordinado seu, o suiço Antonie Jomini, que bandeou-se para o lado dos russos contra Bonaparte, e diferente de Clausewitz, escrevia com muita objetividade e clareza. Durante muito tempo após as Guerras Napoleônicas, Jomini foi estudado e seguido em suas estratégias, de linhas de avanço estáticas, cercos e trincheiras. O ápice desta estratégia foi a 1a Guerra Mundial, a guerra estática.
No desenrolar do livro, Duggan passa comparando a estratégia Jomini x Napoleão. 

Postulados por Von Clausewitz posteriormente, os princípios da estratégia de Napoleão seriam:
1. Combinações da História.
2. Presença de Espírito.
3. "Estalos" ou "Golpes de Vista". 
4. Determinação.

Combinações da História
Napoleão sabia muito bem que a história das guerras sempre se repete. A tática pode mudar de combate a combate, de tempos em tempos. Mas a estratégia não muda muito. Ou pelo menos os princípios não são tantos nem mudam tanto. Portanto estudar a história de "guerras" passadas ajuda a entender as atuais e poder aplicar a estratégia correta. Profundo conhecedor de Alexandre e provavelmente de Sun Tzu, Napoleão era ávido por estudar guerras. Não à toa, fez muitas ele mesmo.

Presença de Espírito
Comandar as tropas da retaguarda não lhe trás vantagem alguma. Fica totalmente dependente das informações que chegam do front e não lhe permite ver com os próprios olhos. Afinal, para se ter golpes de "vista" precisa-se ver de perto! E Napoleão, ao contrário de seus contemporâneos comandava do front. As suas duas únicas derrotas (Rússia e Waterloo) foram quando não teve oportunidade de estar na frente dos acontecimentos ou quando deixou os inimigos anteverem suas intenções, tornando-se previsível, não lançando mão de golpes de vista.

"Golpes de Vista"
Insights no momento do combate, fruto da análise da situação. Napoleão sempre venceu porque escolhia o campo-de-batalha. Inspecionando a frente, encontrava os terrenos mais favoráveis e as oportunidades mais inusitadas, antecipando-se aos seus inimigos.

Determinação
A persistência é fundamental para quem procura oportunidades surgirem no front. Mas não adianta impor suas vontades à situação e sim o contrário, adaptar suas vontades à situação, buscando oportunidades, os estalos, de vitória.

Duggan analisa não somente o caso de Napoleão, mas outros na história em que a estratégia foi fruto de "golpes de vista", típicos "bonapartes" em ambientes "jomini": Picasso, Joana D'Arc, Patton, Alice Paul, a Revolução Meiji e Mohammed Yunus mais recentemente. O livro foi escrito antes da explosão do Google, mas Duggan explora esse caso também em suas palestras.

Leitura muito boa, que prende muito a atenção. Interessantíssimos pontos (golpes...?!) de vista.

Este livro está entre meus Recomendados sobre Estratégia. Confira a lista aqui.

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