ExpoManagement: Gestão de Resultados - Jim Collins


No que foi a palestra mais eloquente do ExpoManagement 2010, o aclamado Jim Collins, apontado por muitos como o 'sucessor de Peter Drucker', fez um "resumão" de seus 3 livros (Feitas para Durar, Feitas para Vencer e Como as Gigantes Caem) que sequencialmente tratam da ascensão e (eventual) queda das grandes empresas, fruto de mais de 20 anos de pesquisa e "milhares de anos de dados empresariais coletados".


O cerne da explanação é o gráfico abaixo (infelizmente em inglês apenas...) de 5 Estágios:



1) Orgulho excessivo que nasce do sucesso inicial.
2) Busca indisciplinada por cada vez mais.
3) Negação do risco e perigo.
4) Busca por salvação.
5) Rendição para a irrelevância ou morte.




No momento que você começa a achar que a Empresa é de fato Vencedora, é quando ela vai começar a cair.


O fracasso é como uma doença: às vezes você "parece" tão saudável e "de repente" cai doente. Na verdade a doença já estava lá, você que não notou os sintomas. E a origem, a causa dessa doença segundo Collins é a postura arrogante da gestão já desde o inicio, como uma bomba-relógio de longa contagem, ela acaba explodindo mesmo que mais tarde.


E uma decisão errada, mesmo que muito bem intencionada, ainda é uma decisão errada.
A liderança correta pode evitar isso. Afinal, um Líder sozinho NÃO faz o sucesso de uma empresa, mas sozinho ele pode sim, trazer o fracasso.
Se o Líder trabalhar para a Empresa e não para si, encontrar no sucesso da empresa e seus dependentes a razão de sua existência pode obter sucesso. Mas se fizer da liderança um ato  de autopromoção e vaidade, ficará sozinho e sozinho ele cai, mas com ele, a empresa. E um bom Líder não trabalha sozinho, precisa bons líderes com ele, caso contrário vira um gênio rodeado de "ajudantes", coisa circense, que não traz crescimento algum. 


E nesse "ônibus" como ele chama a empresa, o Líder deve por nas posições-chave pessoas que tenham Valores, os mesmos valores da empresa. Valores, segundo ele, NÃO podem ser ensinados. Quem tem fica, quem não... sai. "Se você tem câncer no seu braço, deve ter culhões para corta-lo fora se necessário para salvar o resto do corpo", diz Collins citando Darwin Smith da Kimberly-Clark.
As pessoas "certas" NÃO precisam de motivação, elas são automotivadas por definição. Tentar motivá-las, muitas vezes as insulta ou menospreza. Portanto um bom segundo escalão NÃO precisa ser motivado. Outros níveis sim. Entre "dizer as horas" ou "construir relógios", o Líder deve fazer o segundo. Um segundo escalão certo cresce conforme cresce a "cadeira".


Uma alegoria interessante de risco que Collins conta é o casco do navio. Há dois tipos de risco: acima da linha d'água e abaixo dela. Riscos abaixo evita-se porque podem afundar o navio. Riscos acima podem ser tomados porque mesmo ocorrendo avarias, o navio não afunda.


Quanto a capacidade de RECUPERAÇÃO, segundo Collins no estágio 4 ainda é possível, no 5 evidentemente não.


E nesse mundo de incertezas, segundo Collins, as empresas brasileiras, ou melhor, os empresários brasileiros tem uma arma que outros países não tem: já estão acostumados com um mercado incerto. Décadas de hiperinflação fizeram dos executivos brasileiros o suficiente resilientes para enfrentar mercados constantemente incertos como a América Latina. Ele brinca com uma experiência dele certa vez, com empresários argentinos que, jocosamente lhe disseram que lá o mercado é tão incerto que eles estavam com dificuldades de prever... o passado! 


Jim Collins toma como exemplo a história de James Stockdale, piloto americano abatido na Guerra do Vietnam no final dos anos 60 e mantido prisioneiro por 7 anos. Stockdale depois de livre escreveu um livro - 'In Love and War' - sobre suas experiências como prisioneiro de guerra e todas as incertezas inerentes. As constantes torturas e maus-tratos, a incerteza de sobreviver ou sair vivo daquela situação. Talvez não exista empreitada mais incerta que ser prisioneiro de guerra. Além das limitações e incertezas impostas, a pessoa é mantida impotente pelos seus captores. Diferente de um preso comum, que tem ao menos por certo o tempo de pena, o prisioneiro de guerra não tem por certo nem se amanhecerá vivo, e suas 'armas' para lutar são bem limitadas, basicamente a força moral e a fé.
Evidente que é uma situação extrema, mas Collins tomou a história de Stockdale (que foi reintegrado à Marinha americana onde aposentou-se mais tarde e depois ainda teve uma passagem pela carreira política, vindo a falecer em 2005) como um grande exemplo de como as incertezas devem ser tomadas como parte do jogo do negócio.


Um dos caminhos para manter o ritmo de crescimento ou reverter uma queda é alimentar sempre a criatividade. A criatividade é inerente ao ser humano. Todos são criativos. Mas muitas vezes a criatividade é ocultada por aspectos culturais, sociais ou psicológicos. E se as empresas perdem seus sonhos, como dizem os Rolling Stones, perdem também a mente. Havendo razão para continuar sonhando e o sonho sendo relevante e útil não somente para a empresa, mas também para colaboradores e sociedade, há jeito de recuperar a empresa. Do contrário é ladeira abaixo.


Jim Collins costuma encerrar suas palestras contando de seu encontro ainda no início de carreira com Peter Drucker. Naquela ocasião, Drucker como sempre, ouviu mais que falou e Collins ao despedir-se perguntou como poderia agradece-lo. Drucker teria respondido que nada havia por agradecer, pois ele aprendera muito com aquele jovem (típico do Drucker, eterno "aluno") naquele dia. Mas se quisesse fazer algo, que fizesse de si alguém útil. 
O famoso "Make yourself useful".






Do que podemos concluir que um Líder que se dedica à Empresa mais que a si mesmo, "faz algo de útil". Provavelmente sua Empresa não cairá...


Mais detalhes no portal da HSM:
Processo destrutivo do sucesso


Além disso, o próprio site do Jim Collins tem algumas ferramentas de diagnóstico dos Estágios, confira: http://www.jimcollins.com/tools.html
(em inglês)


Você pode conferir a resenha de "Como as Gigantes Caem" de Jim Collins.
Veja o resumo das outras palestras da ExpoManagement aqui.


< / >.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por respeito aos demais leitores, o autor do blog se reserva o direito de filtrar comentários julgados inapropriados e spams. Agradecemos seu comentário, que será publicado depois de verificado. Muito obrigado. :)